Thursday, October 26, 2006

Morre o maestro Rogério Duprat


Hoje morreu Rogério Duprat. O maestro responsável pelo rompimento da barreira entre as músicas erudita e popular brasileiras.

Duprat foi destaque da Orquestra Sinfônica Brasileira na década de 50. Aproximou-se dos músicos populares e participou do Tropicalismo.


Na capa desse disco histórico Duprat (sentado à esquerda) segura um penico como se fosse uma xícara de chá.

Ele criou arranjos maravilhosos para os melhores cantores populares do Brasil (Gilberto Gil, Chico Buarque, Jorge Ben Jor) e para as bandas pioneiras do Rock Brasileiro: Os Mutantes e O Terço.

As duas fotos abaixo mostra a transformação do Duprat Clássico para o Duprat Popular.

















Duprat mudou-se para um sítio em Itapecirica da Serra, se retirou da música por problemas de surdez causados por horas de gravações em estúdios.

Duprat se decepcionou com a música popular brasileira, para ele tudo se tornou uma repetição:


"Tudo que se faz hoje já se fazia há 30 anos. O rap nada mais é do que uma colagem, típica do espírito pós-moderno, que não cria, não acrescenta. O rock repete fórmulas. Eu disse tudo que tinha a dizer naquele período entre os anos 60 e 70"


Eu fico deprimido quando percebo que ele tem razão. Na minha opinião a música popular brasileira moderna foi composta há 30 anos atrás. Hoje só resta a cópia e a falsificação.

Abaixo estão alguns dos seus arranjos: Uma belíssima música da banda O Terço, da qual Flávio Venturini fez parte na década de 70, e as duas versões de Panis et Circenses dos Mutantes.

Clique na figura abaixo para ouvir

Sunday, October 15, 2006

O problema do bolo


V. Barthe, que já foi citado neste blog no post denominado "Jogando com o Demônio - Parte 2", também criou esse interessante problema que apareceu como uma história em Les Cahiers de l'Echiquier Français (novembro-dezembro de 1936).

A história conta que um enxadrista que apreciava a boa mesa convidou um amigo, que se chamava Onésime Xadrez, para um jantar. Em sua homenagem, ofereceu um bolo cuja decoração representava a letra "O" (inicial do primeiro nome de Onésime Xadrez) e um problema simultaneamente.

Brancas jogam. Mate em 2 lances.

(Clique aqui para ver uma solução possível)

Porém, o cozinheiro ao servir o bolo esbarrou nas peças decorativas derrubando-as. Como o cozinheiro não sabia jogar xadrez ele imediatamente arrumou as peças de qualquer maneira de modo que a nova decoração ficou na seguinte forma.


Quando o anfitrião iniciou os insultos ao pobre cozinheiro Onésime interveio: "Acalmem-se senhores. Nada se perdeu. A nova decoração do bolo representa a letra "X", inicial do meu sobrenome. Além disso, ainda temos um problema cuja solução se dá com um mate em 2 lances".

(Para saber a nova solução possível clique aqui).

Tuesday, October 03, 2006

Paulinho Pedra Azul, Minas preciosa


Eu tive o privilégio de crescer perto de uma das regiões mais pobres do Brasil mas com uma cultura popular riquíssima: O Norte de Minas Gerais.

Quase toda a cultura musical de Nanuque, cidade onde passei minha infância no Vale do Mucuri, é proveniente do Vale do Jequitinhonha. Para mim, algumas músicas dessa região parece guardar alguns traços da música medieval portuguesa.

O Vale do Jequitinhonha gerou vários cantadores e músicas belíssimas. Além disso, seu artesanato é fantástico.


Cantador é como os cantores dessa região gostam de ser chamado. Geralmente, com um inseparável chapéu, eles fazem suas apresentações apenas com voz e violão.

Um desses cantadores é Paulinho Pedra Azul, nascido em Pedra Azul, também terra natal de Saulo Laranjeira, ele é cantor, compositor, poeta e artista plástico; já gravou 19 discos, pintou mais de 200 quadros e escreveu 15 livros.

Diz a lenda que sua música mais famosa, Jardim da Fantasia, foi feita para sua noiva morta de forma trágica. Paulinho Pedra Azul nega isso. Essa música foi gravada no disco de mesmo nome em 1982 e se tornou um clássico da música mineira.


Abaixo estão quatro das mais belas músicas desse disco.

Clique na figura para ouvir
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Sunday, October 01, 2006

Caçada a um rei fugitivo

Algumas vezes acontecem combinações brilhantes em jogos reais que nem mesmo problemistas de xadrez imaginariam situações tão espetaculares.

Na minha opinião uma das melhores combinações ocorreu em um jogo entre Edward Lasker vs. George Allan Thomas.








vs.










Não confundir o americano Edward Lasker com o alemão Emanuel Lasker, grande campeão mundial de xadrez que manteve o título ininterruptamente por 27 anos, vencendo Steinitz em 1824 e perdendo para Capablanca em 1921.

Edward Lasker escreveu um livro muito popular cujo título é "The Adventure of Chess", que no Brasil é editado com o nome "História do Xadrez".

Sir George Allan Thomas era jogador de xadrez, badminton e tenis. Apesar de ter nascido em Therapia, Turquia, era um nobre barão britânco cujo título hereditário terminou com a sua morte, já que ele nunca se casou nem teve filhos.

Voltando ao jogo, realizado em Londres em 1912, no décimo primeiro lance Lasker fez um sacrifício da Dama espetacular iniciando uma combinação fantástica.

11 - D x h7+.....R x h7

A partir desse lance começa uma perseguição implacável ao rei negro, que inicia sua fuga da oitava fileira encontrando a morte na primeira fileira, já no território das brancas.

18 - Rd2#
Xeque-mate

Observe que Lasker poderia encerrar o jogo de maneira ainda mais espetacular dando xeque-mate com um roque, mas ele optou por um final mais simples

Quem quiser observar como foi o jogo inteiro clique aqui.