A clivagem em uma fibra microestruturada polimérica (baseada em PMMA - polimetilmetacrilato) não é um processo simples. Tanto a fibra quanto a lâmina devem estar previamente aquecidas, e na temperatura certa, para um corte perfeito. A figura abaixo mostra um exemplo.

Observe que os buracos não estão obstruídos por pedaços do material da fibra.
Os pesquisadores S.H. Law, G.W. Barton, M.A. van Eijkelenborg e M.C.J. Large da University of Sydney (Austrália) em parceria com J.D. Harvey, R.J. Kruhlak, M. Song e E. Wu da University of Auckland (Nova Zelândia) escreveram um excelente artigo sobre clivagem em fibras poliméricas microestruturadas que pode ser encontrado aqui.
A máquina de clivagem projetada e usada pela Universidade de Sydney é a seguinte:

Como na UTFPR não temos tanto dinheiro nem gente suficiente para projetar uma máquina como essa, apelamos para a improvisação.
Uma boa temperatura para a lâmina e a fibra fica em torno de 80 graus Celsius. Para chegar a tal temperatura usamos essa "sofisticada" fonte de calor:

Também usamos essas lâminas de "alta precisão".


Com isso, montamos um clivador ao estilo McGyver.


Uma fibra polimérica multimodo foi gentilmente enviada pela Aston University (Birmingham, Reino Unido). A primeira clivagem nós fizemos em temperatura ambiente, em torno de 20 graus Celsius. O resultado foi ridículo:

É impossível perceber o padrão de buracos da fibra.
Usando nossa maravilhosa máquina de clivagem, aquecendo a lâmina e a fibra até chegar a uma temperatura próxima de 80 graus Celsius, conseguimos um resultado mais aceitável:

Essa é uma foto com uma ampliação de 100 vezes. Observa-se que essa fibra tem padrão hexagonal e seu núcleo é sólido. As rebarbas na parte superior da foto mostram que a mecânica da nossa máquina de clivagem precisa ser melhorada, a lâmina precisa ultrapassar o nível da fibra, isso vai ser resolvido aumentando a profundidade do sulco no plano da lâmina. O importante é que os buracos não foram obstruídos como na foto anterior. NOSSA MÁQUINA DE CLIVAGEM, APESAR DE PRIMITIVA, PODE FUNCIONAR BEM.
A foto abaixo mostra uma ampliação de 40 vezes:

E assim fazemos ciência em um país subdesenvolvido mas com um povo criativo.